terça-feira, abril 25, 2006

Os Irmãos Richthofen, cavaleiros do céu - Manfred e Lothar

« Triplano usado pelos Richthofen´s Manfred e Lothar Richthofen » Os pilotos de caça da Iª Guerra Mundial, de ambos os lados do conflito, foram vistos na época como os últimos cavaleiros, representantes tardios da ética das ordens guerreiras medievais. Dentro do possível, num combate em terra cruel e impiedoso, no qual crescentemente usou-se a artilharia pesada, a metralhadora, o lança-chamas e o gás venenoso, eles procuram preservar os altos do espaço azul como um local onde ainda poderia praticar-se, sem traições ou perfídias, o bom combate. Entre eles, destacaram-se os irmãos Richthofen, Manfred e Lothar, os cavaleiros do céu. Lutando no ar Manfred von Richthofen (1892-1918) E doravante os dois irmãos [Manfred e Lothar Richthofen] que eram o orgulho da Alemanha encontram-se reunidos no Walhalla.Coroa funerária no enterro de Lothar von Richthofen, em Shweindnitz, 1922 Recolhido a um hospital militar em Cambrai, na França, em abril de 1918, nos finais da Iª Guerra Mundial, Lothar von Richthofen, irmão mais novo do célebre ás alemão Manfred von Richthofen , recuperava-se de um dos tantos ferimentos que recebera nos seus três últimos anos como audaz piloto de guerra. Por isso ele nada pode fazer quando soube que o seu famoso irmão fora abatido, não longe dali, no vale do Somme no dia 21 de abril. Os irmãos, inseparáveis, tinham entrado praticamente juntos na Luftflotte, a força área do II º Reich alemão, em 1915, vindos do regimento dos Ulanos. Transferidos para o fronte ocidental, Manfred, um descendente da nobreza prussiana - a casta guerreira dos junkers - , nascido em Breslau em 1892, viu na aviação, força então recém organizada, um legítimo sucedâneo para seu desejo de glória. Trocou o cavalo por um aeroplano: um triplano Albatroz da Fokker. A aeronáutica, naqueles tempos heróicos, logo tornou-se a arma favorita da juventude aristocrática. Na verdade, repugnava-os a idéia de terem que conviver ombro a ombro com a soldadesca nas trincheiras, em meio à lama e aos excrementos. Pior ainda, horror dos horrores, parecia-lhes morrer anônimos, simples número em meio aquela multidão de cadáveres empilhados ao lado das trincheiras que a guerra estava produzindo em escala industrial. Para aqueles super-homens nietzscheanos que a aviação atraía, era somente nos céus é que se dava a boa luta. Manfred e Lothar, como seus congêneres ingleses, franceses e italianos, acreditavam que os duelos entre os pilotos eram a maneira deles preservarem os honoráveis costumes dos valentes medievais. Os Fokker, os Sopwith Camel, os Havilland, os Nieuport que pilotavam substituíam em definitivo as cavalgaduras. O ronco dos motores faziam com que esquecessem os relinchos. Viam-se versões modernas de Lancelote, de Orlando Furioso ou de Götz von Berlichingen. Era como que cavalgar Pégaso, o ginete alado. Caçadores implacáveis O Barão Vermelho e sua condecoração , a Blaue Max Manfred, que logo revelou-se um caçador implacável, para assombrar ainda mais os inimigos - espantando-os ou atraindo-os para a liça - pintou o seu Albatroz de vermelho. Os ingleses, seus adversários mais tenazes, admirando-lhes as façanhas, batizaram-no de o Barão Vermelho. Entre outras razões, por sua ética em combate. Promovido a Rittmeister, a capitão da cavalaria, Richthofen jamais atirava num rival abatido que saltasse de pára-quedas. Incendiado o aparelho ou embicado para o solo, dilacerado, ele não perseguia o piloto. Ferido o cavalo, deixava que o destino cuidasse do cavaleiro. Fez fama de ser leal e generoso adversário. O registro dos inimigos derrubados por ele quando comandante da Jasta 11 - a esquadrilha apelidada de O Circo Voador - , foi impressionante: em 1916 foram 15 aviões , em 1917 saltou para 46, e, no primeiro trimestre de 1918, até sua morte, mais 17. Ao todo quase 80! A imprensa e o povo alemão idolatraram-no. O Kaiser Guilherme II, encantado, condecorou-o com a Pour le Mérite, a ordem que Frederico o Grande criara para honrar Voltaire. Lothar, cujo Albatroz pintara de amarelo, depois de destruir 40 aeronaves em apenas 70 dias de combate, por igual foi agraciado com a Blaue Max. Por vezes, a dupla era arrastada para a retaguarda, para estarem presentes nas exaltadas cerimônias patrióticas onde eram apontados aos quatro cantos da Alemanha como símbolos nacionais da coragem e da iniciativa. Estiveram, a convite do Kaiser, presentes em Brest-Litovsk, em março de 1918, para assistir os bolcheviques assinarem a paz com os imperialistas alemães. Estando perto de casa, em Schweidnitz, a propriedade da família na Silésia, recordando os tempos de adolescência, não resistiram a embrenharem-se numa caçada local. Foi a última que fizeram juntos. No mês seguinte Manfred morreria aos 26 anos, e Lothar, o seu escudeiro que o sobreviveu, foi vitima de um acidente aéreo civil em 4 de julho 1922, aos 27 anos. E assim os Richthofen , cavaleiros do céu, foram-se para sempre galopar no reino das nuvens. in Copyright 2003,Terra Networks, S.A

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